Monday, September 30, 2013

Inferior

Sempre menor, sempre pior
Sempre atrás de alguém com certeza
Sempre ruim, rejeitado, mal amado
Culpa de reagir com clareza

Menos pior, muito menos pior
Todas as vezes que se age obediente 
Sem sol, sempre alguém melhor 
Bate cedo para ganhar expediente

Sempre pior, mesmo quando melhor
Sempre pior, mesmo quando pior
Sempre assassino, mesmo quando inocente 
Sempre cretino, mesmo quando decente

Sempre pior, pior que você
Sempre pior, pior que a mim mesmo
Sempre pior, mesmo se não se vê
Sempre pior, mesmo usando cabresto 

Sempre sem pódio, mesmo de taça na mão 
Sempre sem ódio, mesmo com azul coração
Sempre tristeza, mesmo com nobre lição
Sempre promessa, sempre decepção

Sempre cansado de não ser a mim mesmo
Então rejeitado por não ser a mim mesmo
Aí então cansado de brigar por mim mesmo
E contrariado de mim mesmo ter medo

Então revoltado de ser tudo tão mesmo
De olho cerrado de perder de mim mesmo
Decepcionado por sombra de mim mesmo
Redirecionado da voz de meu ego

Então massacrado por dor desespero
Aos corvos jogado por morte e desejo 
Feliz de minha culpa, minha cena, meus medos
De fazer final parte da história que mereço

Por fim agonia, de sorriso no rosto
Por ter te escutado, jazo no fim do poço
Por acreditar em tudo que me fez
Foi alegria não pranto, exceto talvez

De tudo que me destes, quase nada aproveitei
De tudo que me jogastes, inútil me tornei
Se sou tudo que tu és, tão desprezível que sei
Esfrego em tua cara, sou melhor e eu sei

Se não queimo em luz, então desapareço
Se não aprendo por luz, joguem-me as sombras sem medo
E se teu reino não é meu então agradeço
Me vou bem agora não perco mais tempo

Pois cresci nas sombras que você me jogou
Cresci na tristeza que você ignorou
Cresci na maldade que você negou que tinha 
Cresci esquecendo que essa vida era minha

E se tudo que eu queria era que você me aceitasse
Espero desistir agora de tão burro impasse
E que eu me deixe partir feliz de mim mesmo
Eu que vem de ti, do flagrante desprezo

E queimar, queimar, queimar, queimar
Jogar luz na sombra e cinza virar
Jogar dor de novo e purificar
E acordar no fogo, em outro lugar