Wednesday, September 10, 2014

Torre

Eu sou a luz dos seus feitos
Eu sou bonito, você feio
Dos ladrões, sou criado
Por você enviado

Eu sou a glória da sua guerra
Eu sou a jóia sem terra
Você general que permeia
Você vence a guerra inteira

Eu sou a vitória que não te deram
Eu sou o reconhecimento da fera
Sua inteligência, sua força,
Seu equilíbrio, sem torça

Sua dor juvenil,
Seus anseios rivais,
Seu argumento imbecil,
Suas raivas desiguais

Sua boca tão suja
A sua humilhante troça
A sua raiva impura
Escondida à força

Sou tudo que você quis ser
Melhor, firme e impróprio
Nada em mim há de perecer
Grande, infeliz e ótimo

Eu sou a guerra que não pode vencer
Eu sou a dor que não vai morrer
Eu sou a fera, a bela e a morte
Eu sou a dor, o azar e a sorte

Eu sou tudo o que você quis ser
Eu sou tudo que você odeia em mim
Eu sou tudo que poderias querer
Eu sou tudo que não permito assim

Eu sou forte, morrendo e aguado
Túrin, Sauron e pato,
De tudo que poderia aprender
Só não aprendi a viver

Das facas, um grande inchaço
De choro, seco e impávido
E se você não puder melhorar
Eu vou parar de tentar

Eu torreio, grande, incapaz,
Mato os dragões, a guerra atrás
Por fim, a morte me chama
Por sempre a dor que me clama

Sua voz de serpente,
Raiva indiferente
Meu amor descontente
Minha fuga indecente

A subida incólume,
A queda inevitável
Nada rima com incólume
Nem com inevitável

Desce desce, desce, desce
Sobe, sobe, sobe
Desce, desce, desce, desce
Sobe

Soberba indiferença de mim
Seu maior amor de todos os tempos
Viverás bem assim

Pois eu vou viver,
Desigual, torto e não reto
Eu vou sobreviver,
Desigual, torto e reto

Ai, ai, ai, ai
Não seria bom se não rimasse com vai.