Sunday, May 14, 2006

Sangue dos Inocentes

E as pessoas choram na televisão
Culpam criminosos, bandidos da nação
E as pessoas choram, morrem desiludidas
Morte aos bandidos, crescentes feridas

Reivindicação
Não é a paz a ordem?
o que queríamos está em frente
Eis o que não fizemos
Eles pedem o que sentem
E o preço da ordem
É o sangue inocente

E as pessoas choram na televisão
Mostram-se indignados
Com os ratos do porão
Não lembram que os ratos
São frutos da podridão

Garis não vão lhe estender a mão
Os ratos procriam,
Epidêmica solidão
E a epidemia
De aceitarmos não
Se perde no escuro
Medo dos furos
Que tornam impuros
A alma dos sãos

Nem entendo por que
Chutar uma bola fascina
Mais que querer
Parar a chacina
Que ocorre no mundo
Buraco tão fundo
Que se tornou viver

Dançamos alegres
Em meio ao sangue que se espalha
Nas ruas e embebe
Em vermelho a mortalha
Das crianças que fedem
A armadilha escrachada

Eu sei a dor da perda
E o fedor da merda
Que se tornou isso
Não é hora de desistir
Morrer não é a pior resposta.