Monday, September 17, 2007

Doze Segundos

Porque é a representação do que sentimos
A xícara caiu no chão, se despedançando
A garota estava sob a lona, cercada
Ele levantou assustado e suado
Ele caiu no chão...
Ela sorriu para ele
Um homem abraçou o outro
O cavalo pôs as rédeas nele
O vidro se fragmentou em mil pedaços, molhando a parede
A descarga foi acionada
O ônibus atingiu em cheio algo, derrubando várias pessoas
Ele a perdeu

Wednesday, September 05, 2007

Sessenta Segundos

Porque eu te observo de longe
(uma frase vale mais do que um poema)

(Sessenta segundos)
Ele já a havia perdido. Perdido para outro homem.
Sua mente vagava durante os segundos que se passavam dentro do carro. A chuva caía torrencialmente. Dezenas, talvez centenas, de guarda-chuvas de ferro estavam apinhados na calçada que passava pelo vidro a cada segundo.
(Cinquenta segundos)
Ele virou à direita no sinal fechado, não causando um acidente por muito pouco. Buzinas soaram e pareciam entrar por um ouvido e sair por outro. Seu estado mental era caótico. Pegou uma flanela e limpou o vidro embaçado (quarenta segundos), mas a visão continuava muito ruim.
Encostou o carro na calçada, parando. Respirou fundo, limpou novamente por dentro (trinta segundos) e conseguiu liberar a mente.
Inspirou novamente (vinte segundos). Olhou pelo retrovisor e não viu nada.
(Quinze segundos)
Entrou de volta na avenida e um ônibus (treze segundos) atingiu em cheio a porta do motorista.