Deito na cama e apago a luz
De madrugas e sozinho
As sombras dançam nas paredes em frente aos meus olhos
Acendo as luzes e tentam se esconder sem sucesso
Um frio percorre a minha espinha
Lhes agradeço por terem vindo
Dirijo o carro no meio da estrada
À noite e sozinho
Um espírito vem de carona, no banco de trás
Ou ao lado
Um frio percorre a minha espinha
Lhe agradeço por ter vindo
Deito na cama e alguém me perturba o sono
Ao lado da cama me prende em meus sonhos
Me debato incansável até quebrar o meu sonho
Ele foge dali assim que pode
Lhe agradeço por ter vindo
Estou no quarto e é escuro, sinto a luz verde no ar
Lá vem minha abdução, eu sinto chegar
Lhes peço para que não me levem, e acatam
Agradeço por terem vindo. Agradeço por não terem me levado.
Agradeço aos acompanhantes da minha solidão.
Ladrões, extraterrestres, espíritos e sombras.
Me acompanham e não me deixam sozinho
Lhes agradeço por tudo
O barulho no quintal fácil indica
Que o ladrão pulou o muro e vai entrar
Ele mantém-se silencioso e imóvel
Raramente ouço as folhas farfalhar
Ele desiste de entrar em minha casa
Lhe agradeço por ter vindo
Porque me lembram que a voz que me diz que eu sou nada
Tem o meu tom
O meu volume
E fala de dentro da minha cabeça
E com força estrondosa
Mas também me lembram
Essa voz não é minha
E aos meus colegas silenciosos, minha eterna gratidão
Aos caminhantes das sombras, minha simpatia
Por me mostrarem toda vez que eu ouço essa voz
Que essa voz não é minha
A Ceiba speciosa e seu espinhos
2 years ago