Wednesday, April 30, 2008

Aportuguesando o Portugues

Antes de iniciar, devo dar um aviso à todos que entram no blog: se esperam encontrar algum texto novo, um assunto não batido, uma idéia nova, creio que devem automaticamente fechar esta janela. Comento isso porque é o erro que mais percebo que cometo quando leio blogs de amigos: sempre espero uma inovação, uma idéia um pouco mais interessante, e acabo me decepcionando. Porém, aumentando um pouco a área de abrangência da minha auto-crítica, percebi que faço o mesmo, e, portanto, nada mais justo que eu avise você, caro(a) leitor(a), que provavelmente não vou falar algo que nunca se passou em sua cabeça. Talvez, já tenha passado tanto por sua cabeça que você até saiba mais que eu sobre o assunto.
Essa idéia toda que descreverei iniciou-se na tempestade de idéias que me acometeu esse ano. Tempestade de idéias, sim, mas o termo vem do inglês brainstorm e reflete a iniciativa que tomei no início do ano de aportuguesar nosso português. Sim, exatamente.
Evitando qualquer mal-entendido, quero deixar claro que gosto muito do inglês. Posso dizer que meu sustento hoje depende dessa língua, e é possível notar pelos próprios posts do blog que não a discrimino. O que combato, em contrapartida, é o fato de empobrecermos nossa língua enchendo-a de termos estrangeiros, vindos principalmente do maior exportador cultural do mundo, os Estados Unidos. Nosso linguajar diário está lotado com palavras como banner, outdoor, mouse, record, etc. Não há uma tentativa de colocarmos nossa própria identidade na língua que usamos; importamos diretamente da fonte, usamos como usam e ainda corrigimos os outros que 'aportuguesam' o termo, por não saber a pronúncia correta.
Então me pergunto: por que somos obrigados a saber a pronúncia correta? Em um ambiente como uma empresa, onde a venda de um produto e o lucro talvez dependam disso, concordo que é certo, mas no uso diário não faz sentido. Retira o valor da nossa língua através de um hábito que adquirimos sem ao menos perceber.
Continuando, 'estrangeirar' nossa língua também ajuda na perda cada vez maior de nossa cultura. O Brasil tem toda a sua idéia de nação baseada no jeitinho brasileiro, no carnaval e no futebol (além de paraíso sexual, diga-se de passagem). Basta uma observação e indagação cuidadosa dos três termos acima para concluir que somos pobres de mente, criando pouco e copiando muito.
Porém, devemos ir com calma, ao mesmo tempo. Nossa nação tupiniquim tem criatividade, sim, principalmente na matéria de conseguir construir muito com pouco recurso. O famoso 'jeitinho brasileiro' tem também suas vantagens, claro. Também somos uma nação calorosa, embora poderíamos ser muito mais educados, mas isto está sendo alterado já há algum tempo.
É possível ver um futuro mais brilhante, independente e de personalidade para nossa nação, mas também temos que nos conscientizar que, ao mesmo tempo que culturalmente crescemos ao aprendermos línguas estrangeiras e seus ideais, também temos que adaptar essas novas idéias ao nosso povo e estilo de vida, ao invés de nos adaptarmos a elas. Se não, não crescemos com os erros que poderíamos observar dos outros; apenas os cometemos novamente. Estudando e principalmente observando, seremos capazes de sermos melhores como país.

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